sexta-feira, 9 de novembro de 2012

ATENÇÃO

O Angústia Criadora mudou de endereço, agora está no: 

www.angustiacriadora.com

Atenciosamente,

Ney Anderson


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Como ser um grande escritor

Na história da literatura mundial, alguns escritores notáveis tentaram mostrar como produziram seus textos ficcionais de maior sucesso, talvez o mais famoso tenha sido o francês Gustave Flaubert, criador do romance Madame Bovary, nele Flaubert demonstrou todo o seu apuro técnico para compor uma obra literária, tirando o escritor da redoma de vidro que sempre esteve inserido, tornando a arte de criar algo palpável e possível para qualquer “mortal”, iniciando uma nova onda de possíveis candidatos a romancistas. Também não podemos esquecer o poeta Rainer Maria Rilke, com o belíssimo Cartas a um jovem poeta. Hoje vários autores ministram palestras e oficinas literárias, com o intuito de clarear a mente do leitor que deseja torna-se artista. Mário Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez, James Wood, Raimundo Carrero, Marcelino Freire e José Castello, só para citar alguns, são desses representantes que acreditam fortemente nos artifícios técnicos que dão vida ao texto ficcional. 

Muitos, claro, não acreditam em oficinas literárias, e têm todo o direito de pensar assim. Mas, talvez a maior contribuição de uma oficina literária, seja tirar do leitor toda a ingenuidade na leitura de um livro, tornando-o, por assim dizer, um leitor que suba mais um degrau, e perceba o mundo contido nas páginas, não apenas como um conto (impalpável) de fadas. Da mesma forma como um jogador de futebol, aqui com o exemplo do Neymar, que entra na escolinha de futebol. Será que Neymar seria esse fenômeno se não tivesse entrado desde cedo na escolinha do Santos? Possivelmente sim. O que ele aprendeu ali foi apurar o talento que tinha desde criança e conhecer fundamentos importantes para uma partida de futebol: posicionamento no campo, maneira de chutar, de cobrar faltas, pênaltis etc. Talvez não existisse um Neymar se ele desde menino não gostasse de jogar, aí ficaria complicado. Com o aspirante a escritor é a mesma coisa, é preciso gostar da sua “bola” que é a leitura diária, esse com certeza é o principal fundamento para arte literária e que nas oficinas junta-se com outros fundamentos, que serão utilizados ou não pelo jovem autor, na hora de marcar o gol.

Abaixo um vídeo de como se tornar um escritor:





Os fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Jornalismo na trincheira

“Se seu ofício é escrever, fazer televisão é como tentar respirar embaixo d’água. Você não consegue porque não tem guelras, precisa encontrar o jeito, um jeito qualquer para não morrer afogado”. Essas palavras do escritor e jornalista italiano, Roberto Saviano, autor do cultuado livro Gomorra, traduzem muito bem o espírito de A máquina da Lama, histórias da Itália de hoje (Cia das Letras, 160 pgs. R$ 29,50). A maneira que o autor encontrou para “sobreviver” em frente as câmeras do programa Vieni via com me (Vem embora comigo), foi simplesmente falar sobre o que descobriu sobre o lugar que tanto ama. Como já havia feito com seu livro de maior sucesso, o autor não poupou nos relatos sobre corrupção, o direito à morte digna, a grande quantidade de lixo nas ruas de Nápoles e tantos outros temas.



O que mais impressiona são as narrações em longos monólogos sobre diversos assuntos, tudo isso em um programa de televisão de baixa audiência que, milagrosamente, bateu o Grande Fratello, reality show de sucesso no país, como também várias partidas da Liga dos Campeões, entre elas Inter x Barcelona. Talvez porque “os espectadores querem ouvir histórias, e não fofocas, e não gritos”, como salienta o autor.

Saviano é um jornalista sem medo, que arriscou sua própria vida (depois do sucesso de Gomorra, ele foi jurado de morte pela máfia e hoje vive sob escolta permanente e muda constantemente de endereço) para mostrar aos cidadãos comuns da Itália o verdadeiro país onde vivem. Ele é um jornalista que entende a profissão não apenas como uma mera reprodução do que todos já sabem e estão vendo, mas levando para o grande público o que ele não consegue enxergar.

“Mas se você chega a tantas pessoas, com um recorde tão alto, deixa todo mundo em crise, porque demonstra que é possível fazer uma televisão diferente e ter audiência. Mesmo sem gritar, mesmo sem grandes encenações, mantendo no centro de tudo a palavra. Você demonstra que o insucesso não é culpa de um público anestesiado e tolo, mas com freqüência, de quem não consegue fazer relatos estimulantes e gerar empatia”.

Esse é um ponto chave nas obras do autor: a empatia. Difícil ler e ficar na mesma posição de conforto de antes, por isso que Saviano virou o alvo número um da máfia napolitana, justamente por ele ter aberto a porta e mostrado a verdadeira história para os italianos. A máquina da lama do título é justamente a luta de grupos obscuros que tentam difamar e destruir moralmente as figuras interessadas em combater o crime em todos os seus derivados. 


“Um ataque de uma máquina que lhe cobre de lama: um ataque que parte de sua vida privada, de fatos minúsculos de sua vida privada, que são usados contra você. Então, quer seja prefeito, assessor, médico, jornalista, antes de criticar você reflete um pouco. Quando isso acontece, a liberdade de imprensa começa a se deteriorar, a liberdade de expressão começa a se deteriorar. Seja qual for seu estilo de vida, seja qual for seu trabalho, seja qual for seu pensamento, se você se posiciona contra certos poderes, estes sempre responderão com uma única estratégia: deslegitimá-lo”
Saviano vive escoltado e muda constantemente de endereço

Foi exatamente essa tentativa de ataque que Saviano recebeu quando provou a existência da rede mafiosa Cosa Nostra, todo um poder lutando contra apenas um homem, onde as únicas armas sempre foram a caneta e o papel. Mas que estão fazendo um estrago grande, com relatos precisos sobre problemas crônicos do país, como o lixo nas ruas de Nápoles, que geram, lógico, doenças e degradação humana, envenenamento de campos e estradas, o que ele chama de “ecomáfias”, organizações que desviam dinheiro público destinado para a retirada dos detritos espalhados por toda Nápoles. 

Roberto Saviano não se detém apenas na máfia, embora ela sempre exista como pano de fundo para as histórias contidas no livro, como o padre que mudou e salvou toda uma comunidade que não via um futuro promissor para seus habitantes; a falta de manutenção de prédios antigos, principalmente os universitários, que sempre desabam por falta de “interesse” do governo, matando muitas pessoas. Ainda existe um apêndice com três artigos que ficaram de fora do livro Gomorra e foram publicados no jornal italiano La Repubblica. 

Nesse A máquina da Lama, histórias da Itália de hoje, Saviano faz mais uma grande análise de como os acontecimentos recentes são deturpados por grupos que dominam os veículos de comunicação, e que é função dos verdadeiros jornalistas mostrar a verdade, não apenas em benefício próprio, para que sejam levantadas as cortinas de ferro, revelando que do outro lado há um país que poucos conhecem e talvez nem saibam que existe.

sábado, 20 de outubro de 2012

A volta por cima de Raimundo Carrero



Na madrugada do dia 19 de outubro de 2010, o escritor Raimundo Carrero resolveu levantar para checar alguns e-mails e se preparar para ir a um evento literário no Sertão pernambucano. Tentou se erguer, não conseguiu. Caiu sobre a esposa, Marilena de Castro, tentou outra vez, nada. A voz não saía direito e estava sem forças. Foi aí que Marilena, que é médica, entendeu que o autor de Bernarda Soledade sofria um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Imediatamente o escritor foi levado pela ambulância ao Hospital Português, no Recife. Deu entrada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e ficou internado por alguns dias, até ser transferido para um apartamento do mesmo hospital. 

Carrero ainda não fazia ideia que, daquele dia em diante, a vida dele mudaria completamente. Estava acostumado a uma rotina puxada de trabalho que incluía, dentre outros compromissos, oficinas literárias, produção dos próprios livros e o trabalho como editor do Suplemento Pernambuco. Era ainda convidado com frequência para palestras em outras cidades, para lançamentos de livros e dar entrevistas a veículos de comunicação. A rotina do escritor incluía, também, o trabalho de leitura de originais para análises de prêmios de literatura e contratos para escrever sinopses, contos para revistas e jornais. 

Depois de ganhar o prêmio Jabuti no ano 2000, com o livro As sombrias ruínas da alma, o autor entrou definitivamente para o hall dos mais respeitados e admirados da literatura brasileira. É fato também que ele já havia ganhado outros prêmios, mas o Jabuti foi uma coroação, por ser um dos mais cobiçados do país. O prestígio conquistado não parou por aí. Antes do AVC, ele recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura, o que paga a maior quantia do país (R$ 200 mil), com o romance A minha alma é irmã de Deus.



“A banda não tocou. O galo não cantou O mundo não mudou. E eu estava morrendo. Compreendi, então, as palavras de Fernando Pessoa: A realidade não precisa de mim”, escreve Carrero em seu diário intitulado: Às vésperas do sol, que deverá ser publicado em breve. A frase pessimista mostra um autor um tanto cético em relação à experiência com um grave problema de saúde. Mas, depois de dois anos, o que se vê é uma melhora considerável. Carrero já dá voltas pelo prédio onde mora (no bairro do Rosarinho), voltou a ministrar a oficina literária e já está indo à Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) todas as semanas. Voltou também a escrever, com apenas um dedo, a nova trilogia: Comigo a natureza enlouqueceu, composta por personagens “surrupiados” de outros livros dele. Já entregou para a editora Record o primeiro romance dessa nova fase: Tangolomango – Ritual das paixões desse mundo. 

Na última quinta-feira (18), o autor causou reboliço entre os internautas, quando publicou em sua página no Facebook, que estava escrevendo a biografia de Jesus, batizada de Jesus - o Deus perseguido. “Meu projeto mais ousado. Mas não será um Evangelho, não cometeria esta loucura, apenas uma biografia baseada em informações e em teólogos autorizados”, revelou. Ainda está acompanhando a reforma da casa comprada na Avenida Norte no Recife, que será um centro cultural e vai servir de base para as oficinas e contará com aulas de cinema e teatro.


Raimundo Carrero tornou-se outro homem, não percebemos a gargalhada que antes se fazia ouvir por todos os lugares onde estava; o corpo já não é mais o mesmo, um pouco mais magro e com dores na coluna que insistem em não desaparecer e a voz ainda fraca. Se o corpo mudou, a presença e inteligência do autor permanecem intactas, ou até mais presentes e acentuadas. Agora ele é um escritor “maduro para a literatura e com uma visão mais completa do mundo”, nas suas próprias palavras. Ele, que está tendo a melhor fase da carreira como ficcionista, com obras sendo traduzidas para diversos países, e que foi homenageado em Arcoverde-PE, nessa sexta-feira (19), dentro da programação da 4ª edição da Jornada Literária Portal do Sertão, acredita que a experiência com o AVC o fez perceber que a saúde é o grande bem na vida das pessoas “sem ela não se chega a lugar algum”.

Carrero diz que tudo isso contribuiu para a sua literatura, pois aprendeu o que é solidão, dor e aniquilamento. Mas o pior já passou. Sobre a cura total, é enfático “sempre tive e tenho uma grande fé em Deus e é Ele que vai me curar completamente. Por isso posso esperar”, diz.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Uma livraria que entrou para a história




Quem hoje trafega pela Rua Sete de Setembro, transversal com a Avenida Conde da Boa Vista, no coração do Recife, não faz ideia que uma das maiorias livrarias das décadas de 1970 e 1980 ficava ali: A Livro 7. Começou com uma pequena loja dentro de uma galeria do Edifício Amaraji, na mesma rua, com pouco mais de vinte metros quadrados. Mas o acanhado espaço era apenas o começo daquela que se tornou em pouco tempo a maior livraria do Brasil, figurando no Guinness Book cinco anos seguidos.

Mesmo ainda pequena, a livraria já começava a aparecer na mídia devido aos eventos constantes que realizava. Escritores como Hermilo Borba Filho, Nagib Jorge Neto, Antonio Torres, José Mário Rodrigues e Joaquim Cardoso foram os primeiros a autografarem na pequena livraria. Em paralelo as noites/tardes de autógrafos, aconteciam os recitais, as projeções de filmes ainda em super-8, de Jommard Muniz de Brito, Fernando Spencer, Fernando Monteiro e tantos outros. Exposições/performances com Paulo Bruscky, Daniel Santiago, Katia Mesel, Ivan Maurício, Sérgio Lemos, Marcus Cordeiro e Cavanni Rosas também integravam os eventos promovidos pela livraria.

“Havia um bom violão que ficava sempre à disposição dos frequentadores. Kátia de França, Robertinho do Recife, Luís Ricardo Leitão, Geraldo Azevedo e Alceu Valença, por exemplo, sempre davam uma canja”, relembra o ex-proprietário, Tarcísio Pereira. “A abertura de espaços para eventos culturais, a participação na vida cultural da cidade, a maior liberdade e acentos para consultas, coisas muito comuns nas grandes livrarias hoje, podem ter sido inspiradas pela Livro 7”, acredita Pereira. O local teve seus altos momentos, com lançamentos de parar o trânsito, literalmente, como o do escritor norte-americano, Sidney Sheldon, que vendeu 940 livros em 2 horas e meia de autógrafos.

“O Sheldon, sem dúvida, foi o maior lançamento que organizei, das cinco noites de autógrafos que ele realizou no Brasil, a nossa foi disparada a melhor”, diz. Foi o maior lançamento e também o mais difícil de ser realizado. Começou na Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha. Lá Tarcísio conheceu o agente literário do autor do best-seller O outro lado da meia noite, quinze dias depois, soube-se que Sheldon iria fazer uma turnê pela América Latina, passando pelo Brasil.

Pereira acredita que o tipo de livraria que criou foi determinante para a criação das grandes redes de hoje


O Recife não estava no roteiro, pois o próprio autor disse que não viria por causa da violência da capital pernambucana. Depois de muita insistência do livreiro, ele cedeu, sob a condição de ter um jatinho à sua disposição. “Foi a melhor noite de autógrafos de Sheldon do Brasil, e sem dúvida a maior realizada na história da Livro 7”, comenta Pereira.

Mesmo com o reconhecimento do público e da mídia, a livraria não resistiu. Numa época de recessão, em que os salários dos professores, maiores clientes da livraria, tinham sido reduzidos; e que a degradação do bairro da Boa Vista era nítida, a livraria, depois de 28 anos de atividades, fechou as portas em 1998. “Tive momentos difíceis, de terríveis dificuldades financeiras, de vender todos os bens naquela visão não de empresário, mas de livreiro apaixonado que achava que a crise passaria”, recorda-se.

A Livro 7 fez parte de uma época em que o livro era muito mais do que um mero objeto, pois ainda não existia os computadores como conhecemos hoje, e a Internet estava apenas engatinhando. O livro e os jornais eram as fontes de pesquisa, consulta e lazer para quem gostava de ler, talvez por isso que o charme e o tamanho da livraria fizessem as pessoas ficaram várias horas tentando “descobrir” um livro. Difícil existir uma pessoa no Recife que goste de livros e não ter um com o inconfundível selo da livraria.

“O público leitor, principalmente o meio acadêmico, era muito mais exigente, principalmente porque não havia a Internet com a força que tem hoje. Então, o livreiro importava muito mais”, diz Tarcísio. Criar uma livraria como a Livro 7 não foi apenas um sonho de Tarcísio Pereira, foi um grande desafio que serviu de combustível para as futuras atividades que exerceria, mesmo sendo no ramo parecido. Agora, com 65 anos, esse senhor de cavanhaque e chapéu marcantes, está se lançando em outra empreitada, a criação do selo editorial com o próprio nome. “É um momento de desafios devido à instabilidade do mercado depois da chegada da Internet e dos e-books, mas gosto dos desafios. Aprende-se muito com eles”.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Grupos literários driblam as dificuldades para chegar aos leitores





Discutir literatura, interpretar poesias, escrever não apenas para si, mas para o mundo, mesmo que esse mundo seja o bairro de cada um, o bar, a livraria. Sair do conforto do lar, das leituras e produções solitárias que antes faziam os escritores “deuses da escrita”. É fato que nos últimos anos muitas pessoas deixaram o posto de leitor, para se tornarem escritores. Mas o que fazer para divulgar obras produzidas por esses jovens narradores e poetas?

Sem o espaço da mídia, uma solução eficaz minimizou essa barreira: os grupos literários. Decidiu-se então levar histórias em prosa e verso para lugares que antes não recebiam esse tipo visita, que estão cada vez mais em moda no Recife. Muitos desses grupos se reúnem em bares, declamando poesias, lendo contos e trechos de romances. Tudo isso para “movimentar” a literatura.

Pelo menos foi com essa finalidade que surgiu, em 2008, o Dremelgas, reunindo alguns jovens poetas declamadores que apresentam textos próprios e de outros autores e que, por diversas razões, não tinham visibilidade no cenário cultural da cidade. A iniciativa foi do escritor Fernando Farias que, junto com a produtora Sachiko Shinozaki, fez o grupo tomar forma.

“Apesar das dificuldades de alguns em comparecer em todos os eventos, estamos sempre envolvidos em eventos culturais”, comenta Shinozaki. Para ela, o principal benefício dessas apresentações é o fomento e divulgação da cultura, que não pode ser apenas um ato isolado, por ser “ importante para a popularização da literatura”.

Dremelgas
Já para Alexandre Melo, coordenador do Nós Pós, a intenção era criar um grupo que motivasse o consumo dos novos escritores pernambucanos; que abrisse espaço para eles. “Percebemos que não havia uma representatividade significativa focada nos jovens escritores que estão surgindo”, diz. “A ideia inicial foi do escritor Artur Rogério, que pensou em eventos intimistas para jovens escritores se apresentarem. Quando reunimos o grupo (agosto de 2007) fomos amadurecendo a ideia e lhe dando corpo e forma”, completa.

No princípio, o grupo fazia leituras performáticas de contos e poesias em bares do Recife Antigo. Depois, resolveram investir em projetos maiores, como a Balada Literária, organizada em São Paulo pelo escritor Marcelino Freire. Ainda que grupos de literatura sejam para uma parcela pequena da população, por causa da pouca familiaridade com os livros, Alexandre pensa que a literatura pode ser levada a todos os públicos, desde que se faça uma interligação com outras linguagens para despertar o interesse por ficção. 

Wellington de Mello, coordenador de lite­ra­tura da Secre­ta­ria de Cultura do Governo de Pernambuco e integrante do grupo Urros Masculinos, acredita que essas ações servem, acima de tudo, para trocar ideias, compartilhar projetos “como qualquer grupo de amigos, na verdade”.O Urros...nasceu em 2008, quando Artur Rogério, que já havia fundado o Nós Pós e saído do grupo resolveu criar um novo formato para apresentações, juntando-se ao grupo o poeta Bruno Piffardini. Sem hora e nem lugar para acontecer, basta um telefonema ou e-mail para os participantes reunirem-see “fazer” a literatura acontecer. 
Dremelgas

O grupo é o responsável por outro projeto, o Freeporto, que, como o nome já sugere, é uma ironia à Festa Literária Internacional de Pernambuco(Fliporto), e já trouxe nomes de peso da literatura nacional,como os escritores Mário Prata, Ivana Arruda Leite e Santiago Nazarian. Todos na base da “camaradagem”, pois só recebem uma ajuda de custo mínima, diferente do alto valor pago pelos grandes eventos da área. A última edição da Freeporto foi no ano passado (2011), pois a intenção era mostrar que festivais de literatura poderiam acontecer em qualquer lugar e com poucos recursos. 
Freeporto

Sair da redoma de vidro e mostrar os dentes –ou melhor, as páginas. Iniciativas assim divulgam o livro, a literatura e a ficção de um modo geral e se torna um prazer para os grupos de literatura. Fazendo cada um o seu papel, lutando diariamente para mostrar que literatura não precisa ser obrigação e sim diversão. 

“Não tem nenhum objetivo de salvar a literatura ou fomentar a produção ou qualquer coisa dessas. Nós é que nos beneficiamos com o convívio, com a troca de ideias, de olhares sobre o que estamos produzindo. Somos leitores uns dos outros”, analisa Wellington de Melo.